sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ao Lado de uma Bromélia

Acordo mais cedo para ver o sol nascer pela minha janela. Saio para o jardim, estremeço com a rigidez do inverno e corro entre as árvores, as plantas, piso nas folhas secas e na terra adormecida. Da rua vejo a minha casa e janela que deixei aberta. Olho para o céu acinzentado e agradeço- talvez a Deus, a Alá, Iamanjá, Buda ou seja lá quem tenha me regido todas essas manhãs que me manti viva- enfim, agradeço pelo meu quarto dentro do castelo ter a visão direta para o pôr-do-sol, pelo meu cachecol bordado à mão e por esse jardim que me recebe de uma forma tão acolhedora que às vezes acho que há raízes nascendo nos meus pés e talvez eu me plante ali, ao lado de uma bromélia, e assim fique. Sempre.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Costumo dizer que eu era um banco de praça recém pintado de branco. Ao meu lado havia uma placa escrito: "tinta fresca". Se tocares com força em mim, a tinta mancha. Tua mão fica branca e o banco fica marcado com tua mão. Então não me toca. Há tantos outros bancos, procura conforto em outros. Tenho certeza que vais encontrar.
Eu te imploro, não me procura, pois não leio mais as tuas palavras, não atendo mais os teus telefonemas e não te cumprimento quando te vejo na rua. Não me diga que mudarás por minha causa porque eu não acredito mais. Não me diga que precisas de mim, pois sei que tu precisa mesmo é de uma mulher-enfermeira, uma mãe. Não me peça para voltar ao teu apartamento, não me peça para cozinhar para ti, não me peça para vestir as roupas que tanto gostas. Apenas me deixa seguir outros caminhos, segurando na mão de outros que me passarão muito mais segurança do que sempre me passaste. Deixa-me ir.